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“Soberba, do latim supervia, significa "elevação", "presunção", "orgulho".

Por muitos anos, eu resisti à psicologia por um misto de soberba e, consequentemente, distorção de autoimagem. Acreditava, tola e cegamente, que nenhum profissional seria capaz de compreender, melhor do que eu mesma, minha “personalidade tão única e profundamente multifacetada” — e muito menos que seria capaz de me ajudar a me desenvolver e me auto superar. 
“Como, em uma mísera hora semanal, alguém, que já lida com várias outras questões e clientes/pacientes, seria de qualquer serventia para mim, tão complexa?” — pensava eu, tola,
tola,tola…

Se eu era tão sagaz, tão arguta e autoconsciente, porque eu travava perante tantas trivialidades? 
Por que, tantas vezes, fazer o mínimo, cumprir o básico necessário do cotidiano, parecia mais pesado que entender qualquer teorização esnobe?

Muitas vezes, alimentar esse monstro presunçoso só reforçava a soberba e agrava o abismo entre toda a capacidade que eu julgava ter e a materialização disso em (transform)ações pessoais, interpessoais, profissionais e sociais. 
Eu, que me julgava tão única, era estúpida. Outro adjetivo que vale a observação etimológica: Estúpido, do Latim stupidus, “incapacitado, sem ação”, de stupere, “ficar pasmado, atônito, espantado, inerte  perante algo extraordinário”.) 
E não, essa extraordinariedade não esta(va) em mim (por mais egoicamente envaidecedor que seja me apegar a essa soberba), a extraordinariedade  está verdades que eu era incapaz de desmantelar sozinha. Na discrepância paralisadora entre o que eu queria acreditar ser e o que eu concretamente conseguia realizar, avançar com essa potência presumida. 

Então tentei a psicanálise. Duas vezes. E por uma chancela de fatores que englobaram não conseguir desenvolver confiança nos profissionais e metodologia pouco focada na transformação, não dei continuidade. 
Até que conheci a Kézia — um dos melhores presentes que eu poderia desejar. 

Cheguei armada até os dentes, cheia de presunções, meias verdades e ceticismo. E como uma maestra, ela me conduziu. 
Me ajudou (e ajuda) a desenvolver calma perante as adversidades internas e externas, a acolher todas as minhas facetas, emoções e racionalizações e a entender que todas têm suas funções — que podem ser perfeitamente edificantes, se encaradas com coragem e acolhimento. 

Com a condução sensível, profissional e ética da Kézia, teoria e prática, potência e materialidade, finalmente começam a trabalhar juntas, a se fundir. Finalmente começo a desenvolver, de fato, a temperança, para seguir em frente sabendo que, as turbulências da vida não são obstáculos e sim oportunidades. E que, por isso, acolher os contrastes (a ordem e o caos) inerentes à vida, reivindico (de mim mesma, que fui minha própria algoz por tanto tempo) a autoria e protagonismo na construção da minha própria história.”